FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA LÉA RIBEIRO - SUPPY O CÃO VALENTÃO

 COLUNISTA LÉA RIBEIRO

  ESCRITORA E TERAPEUTA HOLÍSTICA




           SUPPY O CÃO VALENTÃO     




SUPPY O CÃO VALENTÃO 

 Surgiu aqui nas redondezas um cão grandão, feio e maltratado,

sua beleza encoberta pelo abandono, situação daqueles que não são vistos. No início me incomodou bastante, mais um entre tantos animais desrespeitados e soltos pelas ruas. Somente portas fechadas, como eu ninguém lhe dava atenção.

Comigo mora uma gata arisca e nada sociável e o cão grandão detesta gatos, incompatibilidade total, eu me afligia sem saber o que fazer. Já o vizinho Léo e sua esposa o acolheram e lá o grandão recebeu alimento e espaço para ficar. Mesmo assim, me sentia incomodada, algo se movia dentro de mim. Um belo dia resolvi falar com o dono que tentou levá-lo pra casa, mas o animal tinha se rebelado de fato, logo estava de volta. Preferia morar nas ruas, ser enxotado por estranhos. Abdicou de vez do suposto dono e conquistou sua liberdade.

 No início de sua aventura, o grandão ainda sem saber para onde ir se deparou com alguém raivoso que quebrou uma de suas canelas, ela acabou colando sozinha. Ficou torta, mas o cão grandão confiante, assim mesmo, corre todo desengonçado atrás dos carros e motos.

 O cão sem nome que subiu a rua e escolheu se instalar perto de mim. Eu tentava não o ver, mas chorava por seu destino, não via um modo de ajudar. Muitas vezes perguntei ao Criador porque tanto desamor, até que um dia Ele me respondeu. 

Ao levar o descarte do dia, na lixeira pública, o grandão como sempre me acompanhou, porém algo aconteceu, numa fração de segundos nossos olhos se encontraram, mergulhamos um no outro, eu pude enxergar a Vida no âmago daquele ser. Simultaneamente recebi a resposta das perguntas tantas que fiz: “Faça a sua parte, o que está ao seu alcance. ”

Tremendamente emocionada por enxergar o óbvio, entrei na cozinha e preparei uma boa refeição com muitas medidas de respeito à dignidade da vida que habita em cada um de nós, afinal, ele podia ser eu.

Um bem-estar gigantesco percorreu meu ser, sem plateia e sem alardes, fazendo companhia enquanto o grandão saboreava sua porção de alimento, ali selamos nossa ligação. 

 Já faz alguns meses que essa história começou.

Suppy é o nome de nascença do cão grandão.

Suppy é um mestre, disfarçado de cão desprezado, que veio me acordar.

Suppy faz parte dos meus dias e dos vizinhos também. Sua casa continua no quintal do Léo, onde faz refeições, se protege em noites de frio ou chuva, mas Suppy é livre, ele se banha nos raios de Sol e da Lua, se deita espichado no meio da rua e dorme o sono dos justos.

 A mim cabe louvar e agradecer a dádiva sagrada de ouvir a Voz, de servir e seguir em frente, aprendendo a arte de amar incondicionalmente. 

 


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