FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA ALEX SAGÁS - VIAGEM A BOLÍVIA PARTE 2
COLUNISTA ALEX SAGÁS
ESCRITOR E PROFESSOR
Viagem a Bolívia parte 2
Olá amigos e amigas, tudo bem? Desta vez escrevo sobre a
segunda parte da viagem a Bolívia, com base em La Paz.
Nesta etapa, já estava a caminho da capital La Paz. Mas antes, gostaria de relatar sobre os
bloqueios até chegar lá. Como contei no primeiro episódio, havia manifestações,
e devido a isto, nosso ônibus que saiu de Santa Cruz La Sierra teve que pegar
atalhos pelo meio da selva boliviana, uma aventura surreal!
Após horas de viagem noite afora e toda madrugada pelo meio
do mato onde havia “ estrada ” que mal cabia o próprio ônibus, de manhã cedo
por volta das 7 horas, o ônibus atolou num trecho com muita areia. Todos
desceram e nós homens ajudamos a desatolá- lo empurrando o gigante bus. Foi
divertido, uma experiência muito interessante...
Chegando em La Paz, a quase 4 mil metros de altitude,
começou a bater em mim o “ Soroche” ,
que é a sensibilidade de nosso corpo à falta de ar, ou escassez dele, neste
caso, o mal da altitude. No primeiro dia muita dor de cabeça, fraqueza e
cansaço. Optei em ficar no hostel , que foi custoso achar , onde cada caminhada
para achar um era um martírio, mas logo
encontrei um no centro da cidade por baixo preço. Chegando no hostel, tomei uma
boa ducha e logo masquei uma folha de coca que tinha comprado em Santa Cruz, o
que aliviou o mal-estar.
A folha de coca não deve ser confundida como droga, ela é
apenas a matéria prima que criminosos usam ela de base, mas muito mais coisas
até transformar em cocaína. A folha é medicinal, tradicional na Bolívia e Perú,
usada para fins medicinais para combater o Soroche e também é analgésico e
energético natural, por isso tenho o maior respeito pela sábia cultura indígena,
originária deste país.
Percebi nestes dias (fiquei 4 dias em La Paz) que o povo
boliviano é muito trabalhador, não vi nenhuma cena de violência por lá. Me impressionou muito as mulheres desta cidade,
guerreiras e fantásticas, muitas já com certa idade, chamadas de “Cholas”, com
seus apetrechos (bolsas, utensílios e suas vestes) que saem do interior do país
e arredores de La Paz para vender seus artesanatos e outros produtos na sempre
lotada e caótica( no bom sentido) capital boliviana, que tem um trânsito
maluco.
Agora, você estando lá, olhando para a Cordilheira dos Andes
ao redor de toda a cidade cheia de gelo no seu topo, é indescritível. A “ Calle
de Las Brujas” (traduzindo Ruas das Bruxas) , é um local maravilhoso onde se
pode comprar de tudo a preços baixíssimos numa imensa rua em sua total
extensão. Outro atrativo maravilhoso é o teleférico, o qual escrevi na coluna
passada.
Vou relatar o que aconteceu na volta de La Paz para Santa
Cruz de La Sierra:
Saindo da capital, ,
após horas dentro do ônibus desviando de bloqueios de protestos, chego em Santa
Cruz de La Sierra e nosso ônibus é parado num posto policial de fiscalização.
Adentraram no ônibus dois policiais, olham pra mim, com a camisa do Flamengo e
falam: “ você, desce! ”.
Fui sem problemas, pois estava com documentação ok e sem
nada de errado. Me levaram a uma sala isolada, mal iluminada, com um sujeito no
canto agachado e chorando, não sabia o que acontecera com ele.
Fiquei firme, um dos policiais, o mais jovem, ficou me
provocando o tempo todo, dizendo: “ brasileiro são tudo maconheiro, você deve
estar com muita maconha aí “ . Eu neguei, obviamente, mas não retruquei a sua
provocação. Pegou meu celular, fuçou tudo, o mais velho pareceu mais amigável,
falei que morava em Florianópolis e ele ficou mais animado, já tinha ido lá,
cidade linda, e tal...
O policial mais jovem continuava truculento na conversa, o
mais velho sai da sala escura, mal iluminada e de terra batida, o outro
policial continua cheirando meus objetos e perguntando se tinha algo ilegal, e eu
dizendo não.
Eis que o policial mais velho entra na sala e fala para seu
companheiro que eu estava falando a verdade e pedindo para me liberar, como ele
disse “ fui com a cara dele, não parece do crime”. Então o policial mais jovem
dá a última cartada, o que ele queria, abre minha pochete, que tinha documentos
e dinheiro, pega no “ bolo de dinheiro “ que tinha, olha nos meus olhos, tira a
mão do dinheiro e manda eu recolher tudo, quando coloco a mão no dinheiro ele
disse, “ vai deixar uma taxa aí ”, o policial mais velho bota a mão na testa em
sinal de reprovação, tiro 100 Bolivianos (na época correspondia uns 80 reais) e
dei a ele, e ele diz, “ o meu colega também precisa, tem família ”. Então o
policial mais velho intervém e diz: “ chega, libera ele, é gente boa! ”. Então
esse policial me aperta a mão e diz: “ obrigado, brasileiro! ”, claro que minha
vontade é de falar e fazer algo bem diferente, mas não estava a fim de ficar
detido na Bolívia.
Neste episódio, senti um misto de pavor e tranquilidade,
minha inteligência emocional me salvou! No entanto, a viagem foi maravilhosa e
voltarei à Bolívia com certeza.
Assim foi minha viagem à Bolívia. Apesar do problema com a
polícia, o que teve de bom nesta viagem que foi muita coisa, fez valer tudo a
pena. E perrengues assim nos ajudam a ter mais esperteza, nos preparam melhor.
Até a próxima, amigos e amigas.
Excelente semana!
Alex S. Sagás.
Que experiência! Fiquei emocionada, me senti junto contigo. Ainda bem que não te molestaram. Abs
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