FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA ELI DIAS CORREA - A GRALHA E O PINHÃO
COLUNISTA : ELI DIAS CORREA
PROFESSOR, HISTORIADOR E FILÓSOFO
A Gralha e o Pinhão
A pobre gralha,
madrugadeira,
Levanta antes do sol
da fronteira.
Rasga os pinheirais,
risca o chão,
Carrega nos olhos a
fome e vai olhando o pinhão.
Lá no alto, o sabiá
atrevido
Canta entre flores,
leve e destemido.
Mas a gralha, firme na
lida,
Segue sua sina, sua
causa esquecida.
Rouba o pinhão da
araucária altiva,
Que guarda o vento e a
serra viva.
Não é pecado, é
necessidade,
É lei da mata, é a
liberdade.
Com o bico ligeiro,
atravessa os ares,
Pula cercados, desvia
dos lares.
Na terra vermelha
enterra o tesouro,
Sem saber que ali
germina o ouro.
Passa o tempo, o sol
se deita, a chuva cai, a vida enfeita.
Do chão vermelho,
quente e fiel,
Brota a araucária,
coluna do céu.
E um dia, num giro de
sorte,
A gralha retorna,
guiada pela norte.
Rouba de novo o fruto
sagrado,
Da árvore que um dia
havia plantado.
Ah, ciclo bonito,
destino bendito, o que é esquecido vira infinito.
Na serra ecoa o som da
criação:
Gralha e pinhão,
eterna canção.

.jpg)
Parabéns Eli! Belo poema!
ResponderExcluir