FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA MÁRCIA RAQUEL MARTINS - QUANDO NINGUÉM ME VÊ
COLUNISTA: MÁRCIA RAQUEL MARTINS
ESCRITORA E PEDAGOGA
Quando ninguém me vê
Márcia Raquel
Quando ninguém me vê,
sou sombra e luz, sou silêncio que grita, sou verdade que reluz.
O que faço no escuro,
onde não há plateia, é onde minha alma dança — nua, sem ideia.
O que penso quando
ninguém me olha?
Sonhos quebrados,
desejos sem escolta.
Sou o que sou quando
ninguém sabe de mim,
um mistério sem nome,
um começo sem fim.
Me encaro no espelho,
sem disfarce, sem véu,
consigo ser honesto?
Ou minto até no papel?
Cuido dos meus
demônios com o mesmo afeto
que dou aos anjos que
habitam meu teto?
Finjo sanidade quando
estou só?
Ou sou loucura pura,
sem dó nem pó?
Na intimidade secreta,
sou quem verdadeiramente sou,
mas será que conheço
esse eu que se mostrou?
Minha mente explode em
perguntas sem chão,
tentando encontrar meu
verdadeiro coração.
E o que mais desejo —
com fervor, com fé —
é ser o que sou quando
ninguém me vê.
A qualquer momento. Em
qualquer lugar.
Sem máscaras, sem medo
de me revelar.
Sem precisar vestir
expectativas alheias,
apenas as minhas,
cruas, inteiras.
Sou essência, sou
caos, sou paz e tormenta,
sou o grito calado que
ninguém enfrenta.
E se um dia eu for
quem sou sem esconder,
talvez, enfim, eu
aprenda a viver.
Comentários
Postar um comentário