FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA VALMIR VILMAR DE SOUSA - Vevê - O CHAPÉU DE CASCAIS

 COLUNISTA: VALMIR VILMAR DE SOUSA

   POETA ESCRITOR 



O CHAPÉU DE CASCAIS

 

Pelos idos de 2011, um quarteto manezinho realizou o sonho de conhecer as terras lusitanas. Primeira vez na Europa, a euforia tomou conta deles. Lá visitaram a capital Lisboa, Estoril, Sintra, Coimbra, Fátima, Porto ainda sobrando tempo para dar um pulinho em Santiago de Compostela, Espanha.

A viagem foi sensacional, sentiam-se em casa, afinal estavam na casa de sua língua-mãe, apesar de que algumas palavras daqui e de lá tem significados diferentes, mas foi tranquila a comunicação em terras de além-mar.

No quarteto havia uma menina muito faceira que é “doidinha” por chapéus, e como era verão naquela época resolveu comprar um lindo chapéu numa loja para “turistas” na capital próximo a Praça de Touros do Campo Pequeno, por sinal um local que merece ser visitado por qualquer turista em passagem por aquelas bandas.

Numa quarta-feira estava nos planos do quarteto visitar Cascais. Tomaram o trem na estação Cais do Sodré e em quarenta minutos já chegavam ao famoso balneário da área metropolitana de Lisboa, local de descanso da família real portuguesa do século XIX e das famílias mais abastadas lusitanas. O passeio se inicia pelo centro histórico para muitas poses e fotos, caminham pelo seu entorno até chegarem a famosa Praia da Conceição que por coincidência é o nome da menina faceira. Ao ver seu nome estampado na placa na beira da praia, a emoção foi tanta que ela esqueceu de segurar o seu lindo chapéu, pois o vento naquele momento visitava a cidade com muita intensidade, lembrando o conhecido vento sul mané. Em segundos ela viu, ou melhor, o quarteto viu o chapéu voar sobre as águas cascalenses. Até que tentaram recuperá-lo, mas as águas impediram o intento, afinal não era de bom tom saírem todos molhados andando pelas ruas daquela linda e aconchegante cidade, pois o próximo passeio seria subir a serra de Sintra.

A menina moça ficou muito triste pela irreparável perda, mas há um consolo de que no ano de 2025 ela volte lá e o encontre em algum lugar, talvez na Boca do Inferno onde as ondas do mar batem incessantemente contra a rocha, movido pelo ciúme, de um feiticeiro que, com ciúmes lançou um feitiço sobre um jovem casal, separando-os para sempre. A jovem foi transformada numa rocha à beira-mar, enquanto o jovem foi transformado em mar. Ou quem sabe o encontre na caverna secreta da bela jovem moura guardiã do tesouro, tesouro este, protegido por um feitiço que só pode ser quebrado pelo verdadeiro amor. Diz-se que esta jovem aparece em noites de lua cheia, cantando uma melodia que atrai os curiosos. Porém, qualquer um que tenta se aproximar da caverna sem pureza de coração, ela o transforma em pedra. Será que o chapéu ainda está a esperar, ou sumiu nas águas do mar?

 

Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 28/10/24

Comentários

  1. Parabéns pelo texto. Portugal é maravilhoso, ainda mais em histórias assim.

    ResponderExcluir
  2. Eu arrisco dizer que o chapéu se encontra intacto na caverna secreta. Vou aguardar por notícias.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

FOLHA DOS GANCHOS - MORREU O ICA DO PUDICO

FOLHA DOS GANCHOS - FALECEU O GEGÊ DO SEU GENÉSIO.

FOLHA DOS GANCHOS - FALECEU A SUELI DO VERRUMA