FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA ELI DIAS CORREA - Solidão e Esperança
COLUNISTA : ELI DIAS CORREA
PROFESSOR, HISTORIADOR E FILÓSOFO
No poema "Solidão e
Esperança", conduzo o leitor por uma jornada de transformação. A
personagem, que vive escondida entre sombras e frestas, descobre, quase sem
querer, a vida que pulsa além de sua reclusão e dogmas. Através de imagens
poéticas, exploro o medo do desconhecido, a coragem de se abrir para o novo e a
beleza inesperada que nasce da mudança. É um convite para refletirmos, mesmo
após longos períodos de escuridão, sempre há uma luz nos esperando em algum
lugar.
Solidão
e Esperança
Em uma
casinha à beira, de quatro paredes pálidas,
vivia
a se esconder, entre as frestas, a solidão.
Preferia
a sombra e a penumbra,
e,
afastada de si, acendia um lampião,
onde
observava as sombras projetadas na parede.
Ficava
triste ao ver o jardim seco,
e não
gostava nem do nada nem do tudo,
pois,
para ela, eram a mesma coisa.
Num
dia de vento sul, sua casa foi varrida pela tempestade.
Sua
cabeça ficou exposta ao sol,
e, em
desespero, correu para debaixo de uma árvore frondosa,
já
ocupada por crianças travessas da rua.
A
solidão, velha e cansada,
admirou-se
ao ver as cores da cidade,
o
canto da gralha, o amor impetuoso do João-de-barro
que
até então vivia em seu telhado.
Descobriu
que as sombras que via pelas frestas
tinham
cores vibrantes,
e
encantou-se ao ver as crianças pulando
nas
poças rasas espalhadas pelo chão.
Agora,
mora aqui no meu bairro.
Construiu
uma casa só de telhados,
sorri
ao ver os pássaros roubarem seu pão
e os
cães errantes cheirarem seu jardim.
Pela
primeira vez, ela mudou-se,
e o
sol, gentil, beijou seu rosto.
Seu
novo quintal floresceu sem que percebesse,
e no
meio das pedras brotaram margaridas.
Hoje,
chamam-na de Esperança.
E
quando a noite chega,
ela já
não teme a escuridão.
Pois
sabe que, não precisa ter medo da luz, pois em algum lugar,
sempre
haverá uma estrela acesa.
Eli
Dias Correa
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