FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA ALEX SAGÁS - Viagem a Bolívia ( parte 1):
COLUNISTA ALEX SAGÁS
ESCRITOR E PROFESSOR
Viagem a Bolívia ( parte 1):
Olá querido( as) leitores, tudo bem? Esta semana escrevo sobre a saga desta viagem feita na Bolívia em janeiro de 2023. Sim, uma verdadeira saga, pois houve muitas dificuldades e perrengues dos grandes, suborno feito por policiais, entre outros problemas, mas no final valeu muito a pena e faria tudo de novo! Vamos embarcar nesta história real que aconteceu com este escritor gancheiro que vos escreve aqui.
Para começar, quando se planeja viajar para a Bolívia de ônibus saindo de Florianópolis, há poucas opções ou únicas para ir até Campo Grande ou às vezes, ter que “ baldear” por São Paulo (baldear é um termo utilizado para fazer uma parada , troca de ônibus e partir de outra cidade até o destino), sendo assim, uma viagem longa, onde me concentrei em ficar um dia na capital Sul- Mato- grossense, Campo Grande, uma cidade super agradável, de noites gostosas de passear, onde procurei a famosa carne de jacaré para provar mas não era época. No dia seguinte, parti (de ônibus, claro), de Campo Grande para Corumbá, cidade fronteiriça do Brasil com a Bolívia. Viajar por Mato Grosso do Sul é uma delícia, até porque é o nosso Pantanal, Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera da UNESCO, só pra se ter ideia do que esta região representa não só para o Brasil mas também para o mundo.
As paisagens são lindíssimas, as cores das terras que você vê nos barrancos e na beira daestrada, as vegetações, os rios, os animais , entre outros cenários nos fazem refletir e “ viajar na viagem”, de tão deslumbrantes as vistas da natureza que contemplamos ali envoltas. Me lembro , que no trecho há uma cidade que fiquei encantado e passei várias vezes por ela , pois era parada dos ônibus para o lanche, por ser meio caminho de Campo Grande a Corumbá chamada Miranda, e logo em seguida também Aquidauana, ambas deslumbrantes. Falando em Corumbá, esta cidade tem uma atmosfera bem peculiar, agitada como toda fronteira, de muitas aves, inclusive foi ali onde uma arara azul “ carimbou ”minha cabeça , e dizem que é sinal de boa sorte. Então, sorte era o que precisava e tive, pois nesta época, que era aqueles dias próximos ao oito de Janeiro aqui no Brasil, estava no hostel ( aliás maravilhoso hostel com incrível café da manhã ) , e acompanhava com indignação e incredulidade o que acontecia na nossa capital federal, mas já estava preocupado também com o que acontecia na Bolívia, onde um político local, Governador de Santa Cruz de La Sierra, chamado Fernando Camacho havia sido preso, e a população daquela província estava protestando, fazendo manifestações e barreiras pelas estradas,( o que fiquei sabendo só quando adentrei na Bolívia).
Decidi , no dia nove de janeiro ir para Bolívia. De início, os guardas da fronteira estavam sinalizando em negar minha entrada, por não ter nenhuma referência ( endereço de estadia) para apresentar oficialmente a eles. Foi então que informei ao taxista de fronteira que iria me levar para a rodoviária de Puerto Quijaro, e este ficou “pistola” e simplesmente entrou esbravejando na sala de imigração dando piti e bronca nos policiais ( rapaz, fiquei com medo de sobrar pra mim), mas logo ele resolveu, pediu uma caneta aos oficiais da imigração e anotou num papel qualquer o endereço o qual ele dizia ser de sua irmã, na cidade de San José Chiquitos, mandou ( isso mesmo mandou!) os guardas me liberarem a entrada, embarquei no seu velho mercedes 1975 e partimos pra rodoviária, e no caminho este taxista boliviano que viveu no Brasil me falou que as coisas na Bolívia funcionam assim, paga- se uma “taxa” por fora e assim tudo se resolve, e convenhamos, nada diferente do Brasil, não é mesmo? E esse lance de pagar por fora, “ molhar a mão de alguém “ presenciei dias depois, quando estava fazendo o retorno da viajem quando voltava de La Paz, já em Santa Cruz de La Sierra, quando policiais Bolivianos me “ convidaram a sair do ônibus ” para uma revista, e passei por momentos tensos até ser liberado, mas isto contarei na segunda parte da viagem, na coluna da próxima semana.
Santa Cruz é uma cidade muito gostosa de passear, agitada e muito grande, inclusive aos domingos, nunca vi uma cidade tão agitada num domingo a noite, além de ser muito barata no quesito alimentação, hospedagem e compras em geral. Depois de dois dias desfrutando das belezas e atrações de Santa Cruz, parti para a capital La Paz, mais uma viagem que tinha muitos bloqueios, e nosso ônibus pegou vários desvios pela selva boliviana, uma viagem longa, onde inclusive o ônibus atolou no caminho, e tive que ajudar a empurrar o mesmo ( foi muito divertido!) . Depois de umas 20 horas de viagem, chegamos a capital boliviana em meio à protestos e fiquei num hostel. Amigos e amigas, como senti o Soroche! ( o mal da altitude), ficando um dia inteiro com dor de cabeça e cansaço, e olha que já tinha em outros tempos passado pelas altitudes chilenas e peruanas ( mas passado mal nessas duas também rsrsrs).
No dia seguinte, estava melhor, meu corpo se habituou e curti muito esta maravilhosa cidade cercada pela cordilheira dos Andes, com suas coberturas de gelo no topo das montanhas ao redor. A comida lá é baseada no Pollo, o frango, seja frito, ensopado ou assado. O que me dificultou, como em toda a Bolívia, foi a escassez de cafeterias . A Calle de Las Brujas é um excelente local para compras, uma rua extensa com várias lojinhas e muita coisa para comprar, e com preços bem baixos . O teleférico também é um atrativo maravilhoso e um sistema de transporte muito barato e eficiente com grande utilidade para o povo boliviano e principalmente para os moradores dos cerros ( morros) ao redor da cidade com preço acessível, o que se torna uma opção obrigatória para os turistas conferirem. Enfim, esta primeira parte na capital boliviana foi maravilhosa.
Dedico um poema para La Paz:
Uma cidade diferente, peculiar, cercada pelas cordilheiras, com suas mulheres, as “Cholas” chamando a atenção por serem mulheres guerreiras sem medo de trabalhar;
Os homens também se destacam, pois também lutam por seu lar. La Paz, com seu caos como toda a capital, mas com charme sem igual, não dá pra não amar;
La Paz é uma referência na América do Sul, sempre com seu céu azul, e as montanhas lindas que nos fazem suspirar;
Falando em suspirar, nem sempre conseguimos ter este privilégio numa cidade que raro é o ar, mas logo nos acostumamos e desfrutamos desta capital e ali ficamos felizes em estar.
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