FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA NEUSA BERNADO COELHO - O EQUILÍBRIO INVISÍVEL DA MULHER
COLUNISTA NEUSA BERNADO COELHO
POETISA E HISTORIADORA
O Equilíbrio Invisível da Mulher
Clara acordava cedo todos os dias. O
despertador tocava às cinco e meia da manhã, mas seu corpo já conhecia a rotina
e, antes mesmo do som estridente, ela sentia o peso das responsabilidades
pousando sobre seus ombros. Trabalho, casa, família, contas... Ela, mulher
contemporânea, precisava equilibrar todos os papéis, sem perder de vista aquilo
que a fazia ser quem era. No caminho para o trabalho, no metrô lotado, Clara
aproveitava para rabiscar versos em um pequeno caderno de capa azul. A poesia
era seu refúgio, sua maneira de transformar a realidade crua em algo mais
suportável. O tempo parecia sempre escasso, e, no entanto, ela insistia em se
encontrar entre as palavras. O escritório era um campo de batalha. As reuniões
intermináveis, os prazos apertados, a pressão de ser produtiva sem perder a
empatia. Entre um relatório e outro, Clara se perguntava: ser ou parecer? Quantas vezes precisou vestir uma
máscara de força, mesmo quando por dentro tudo desmoronava?
A hora do almoço era rápida. Umas
colegas falavam sobre relacionamentos. Outras felizes, outras frustradas. Clara
sabia que amar no mundo moderno era um exercício diário de paciência e entrega.
Havia aprendido que relações não são sobre perfeição, mas sobre parceria,
respeito e escolhas. Estava casada há cinco anos e, com o tempo, descobrira que
o amor não se sustenta apenas na paixão inicial, mas na construção conjunta, na
disposição de ceder e compreender. Ao final do expediente, outro desafio a
aguardava: as finanças. O salário cobria as despesas, mas sempre havia um
imprevisto. O mercado era instável, os preços subiam, e planejar o futuro era
quase um ato de fé. Clara tentava manter a calma, estudava sobre economia
doméstica, fazia planilhas, mas sabia que a tranquilidade financeira era um
privilégio para poucos.
No caminho de volta para casa, observava
as vitrines brilhantes das lojas. A pressão para ter e parecer bem-sucedida era constante. O mundo
exigia que fosse impecável, que ostentasse conquistas, que seu Instagram
mostrasse felicidade plena. Mas Clara sabia que felicidade não se mede em
likes. Seu maior tesouro eram as palavras que escrevia, a verdade que habitava
em seus versos.
Já em casa, trocou os sapatos de salto
por chinelos confortáveis. Preparou um café, abriu seu caderno azul e deixou a
poesia fluir:
“Ser, ter, parecer”. Entre
Linhas e Lutas
Prefiro apenas viver” E, por
um instante, sentiu-se inteira.
Neusa
Bernado Coelho - Palhoça/ SC
Poetisa-Historiadora

Clara, uma mulher como milhares de mulheres que estão nos mundos e submundos da vida. Uma luta diária de liberdade de expressão, espaços, reconhecimento e sobrevivência. Mulheres guerreiras.
ResponderExcluirObrigada amigo poeta, historiador
ExcluirParabéns amiga poetisa e escritora, sempre emociona com sua escrita recheada de reflexão e beleza poética retratando a realidade de muitas mulheres representada
ResponderExcluirpela personagem Clara.
Obrigada, amiga artista
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