FOLHA DOS GANCHOS: COLUNISTA MÁRCIA RAQUEL DE SOUZA - A percepção da idade ao longo da vida: uma reflexão sobre o tempo e maturidade.

 COLUNISTA: MÁRCIA RAQUEL MARTINS

 ESCRITORA E PEDAGOGA

A percepção da idade ao longo da vida: uma reflexão sobre tempo e maturidade

Quando criança, o mundo se apresenta sob lentes únicas, moldadas pela inocência e pela falta de experiência. A realidade é interpretada de forma simplificada, e conceitos como idade e maturidade assumem significados que muitas vezes nos surpreendem ao longo dos anos. É nesse contexto que recordo minha visão infantil ao enxergar minha mãe, aos 33 anos, como alguém "velha". Uma percepção curiosa, que hoje, aos 63 anos, me faz sorrir diante de sua ingenuidade.

Agora, ao observar meu próprio filho completar 33 anos, percebo algo que na infância me escapava: a juventude da chamada "idade de Cristo". Essa reflexão, entre memórias do passado e a experiência do presente, revela um aprendizado poderoso — tudo depende do momento e da perspectiva na nossa vida.

Aos 33 anos, minha mãe certamente carregava responsabilidades e desafios que eu, como criança, não conseguia compreender. Talvez seus gestos de maturidade e os traços de cansaço após um longo dia de trabalho tenham pintado a imagem de alguém envelhecida. No entanto, hoje compreendo que aquela fase representava, na verdade, o vigor e a plena capacidade de alguém na flor da idade.

Essa mudança de percepção é um convite para refletirmos sobre como o tempo transforma nossas perspectivas. Vivemos cada etapa com olhares diferentes, pois estamos constantemente moldados pelas experiências e pela maturidade que acumulamos. Aquilo que parecia definitivo na infância, como um rótulo de "velho", revela-se no futuro como um equívoco, fruto do contexto limitado daquele período.

Mais do que uma simples reflexão sobre o passar do tempo, essa experiência nos ensina a importância de valorizar cada fase da vida como única, rica e repleta de significados. O que hoje encaramos como juventude, um dia será visto com olhos diferentes — e isso não deve ser motivo de tristeza, mas de celebração pelo caminho percorrido.