FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA JORGILÉA GOMES RIBEIRO - Memórias de Tempos Sagrados!
COLUNISTA: JORGILÉA GOMES RIBEIRO
ESCRITORA E TERAPEUTA HOLÍSTICA
Memórias de Tempos Sagrados!
Deserto do Saara - Desafios e Amor
Eu estava lá onde tudo começou, África tão querida, África.
Um tempo não medido pelas horas.
Desconhecido era o dinheiro. As trocas eram o mais justo
possível.
O valor estava na experiência de permanecer vivo por mais um
dia.
A grandeza do ser era a sabedoria empreendida para fugir das
armadilhas que se
mantinham à espreita nos vales e nas montanhas. Seus feitos
admirados e aguardados nas
idas e vindas dos experientes viajantes pela vastidão ali
presente.
Éramos guiados pelo som dos ventos, que quando bravios
agrediram e cegavam,
impossível mover-se, nenhum passo sequer.
Caravana grande ou pequena. Cada humano ou animal, todos
muito próximos, a seu modo
se protegiam observando atentamente, sentindo a fúria
fustigar todo o seu ser. O medo não
tinha vez, no inóspito a economia de energia vital é perene.
Pessoas cientes de que a
existência é um sopro, olhos e mente conscientes de que tudo
equivale a uma faísca de
fogo, incluindo esta vida. Entregavam-se a seu destino e
confiavam no céu que é bom para
todos. Isso continua igual.
A espera pelo fim do vendaval podia ser longa, as vezes
levava dias para acalmar o rigor e
nossa jornada pelas areias quentes retomar.
Meu povo tinha o hábito de ficar de cócoras, envoltos em
muitas camadas de tecidos
coloridos que protegiam e ajudavam a suportar o calor.
O ocaso ainda é meu momento favorito. Em silêncio, enxergava
o dia lentamente,
reverenciar a noite e entregar-lhe o comando. Em tudo na
natureza há generosidade e
gentileza.
Sem pressa alguma, elegante e serenamente anoitece. O
perfume exótico, próprio do
habitat, reassume o seu lugar. Ele conosco comemora e nos
embala em doces e suaves
sonhos. Crianças saudáveis e felizes brincam em torno das
tendas. Fogueira acessa,
alimentos preparados com devoção e carinho. Num prato
gigante todos se serviam, não
havia diferenças sociais, os serviçais tinham os mesmos
direitos a refeição e se sentam na
roda para ouvir e contar histórias das próprias aventuras e
de seus ancestrais. Não tardava
e o sono se punha o meio, envolvia os mais novos e seguia
contagiando a todos.
Saara! Areia, planícies, montanhas, rara vegetação, oásis
divinos, sons, música, canto,
dança, sabores únicos, risadas escandalosas ou apenas um
breve sorriso seguido de
profundo suspiro agradecendo pela vitória de permanecer
saudável por mais um dia.
YAHWEH
(O Criador De Tudo O Que É)
Sublime conto!! Em cada linha a viagem a uma memória daquilo que um dia foi e ainda permanece.
ResponderExcluirNos traz a mensagem que precisamos lembrar de que em unidade podemos avançar na tempestade da vida, recebendo e compartilhando cada momento envoltos em amor e gratidão por tudo sempre! 💕
Sábia és irmã querida. Quão boa sorte tenho em caminhar junto contigo.
Excluir