FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA: ESCRITORA NEUSA BERNADO COELHO - ANTONIETA DE BARROS
COLUNISTA: NEUSA BERNADO COELHO
ESCRITORA, POETISA E HISTORIADORA
(Colunista: Neusa Bernado Coelho
Antonieta
de Barros (1901-1952)
(Memorial Antonieta de Barros)
Antonieta de Barros, Professora, jornalista e escritora, natural de
Florianópolis/SC Nasceu em 11 de junho de 1901, filha de ex-escravos,
órfã de pai, foi criada por sua mãe Catarina de Barros, que
desempenhava a função de lavadeira na casa da família Ramos, importantes
políticos de SC. Por influência dessa família foi alfabetizada aos cinco anos
de idade na Escola Lauro Muller. Aos 20 anos, formou-se na Escola
Normal Catarinense, atual Instituto Estadual de Educação, concretizando o sonho
de ser professora.
Ativista da emancipação feminina, Antonieta
de Barros, travou uma histórica luta para transpor as barreiras racial, de gênero
e de classe, tornando-se exceção num reduto branco e masculino. Foi a
primeira secretária da Liga do Magistério, lutou pelos direitos das
professoras, pois estas não podiam casar em nome da boa reputação. Também
participou do Centro Catarinense de Letras, fundado em 4 de janeiro de 1925,
instituição literária que acolhia intelectuais negros e das camadas populares
ligados às letras e à política catarinense.
Antonieta de Barros foi a Primeira
Deputada Constituinte e Deputada Estadual na Assembleia Legislativa de SC.
Notável mulher negra, a primeira a exercer um mandato popular no Brasil, época
em que as oligarquias se revezavam no poder. Destacou-se pela coragem de
expressar suas ideias num contexto histórico que não permitia às mulheres a
livre expressão.
Além de jornalista, escritora e
política, a professora lecionou Português e Literatura no conceituado Colégio
Coração de Jesus e Dias Velho, neste, nomeada Diretora. Em todas as suas
atuações defendeu educação de qualidade para todos, acreditava
que o ensino libertaria as pessoas da marginalização social e seria um
meio de ascensão para as mulheres. Com esse intento, em maio de 1922, aos 21 anos,
inaugura o ‘Curso Particular de Alfabetização Antonieta de Barros’, dirigido
por ela até a morte. O Curso destinava-se a preparar alunos ao exame de
admissão para ingresso no curso Ginasial do Instituto de Educação e da Escola
Politécnica, também tinha finalidade de alfabetizar
crianças e adultos carentes.
A boa formação intelectual de educadora
facilitou transpor barreiras impostas às mulheres e à liberdade de imprensa. Na
década de 1920, criou e dirigiu alguns jornais, e por mais de 20 anos (entre
1929 e 1951), com o pseudônimo de ‘Maria da Ilha’. Antonieta escreveu crônicas
sobre educação, direitos das mulheres, preconceito, vida política, religiosa e
social, em diversos jornais de Florianópolis e de SC.
Em 1934, no primeiro sufrágio popular
em que as mulheres votaram, Antonieta elegeu-se Deputada Estadual e
Constituinte, em 1935, pelo Partido Liberal Catarinense (PLC). A ilustre e
distinta professora tomou posse no parlamento revestida de galhardia,
acompanhada por admiradores e seus alunos do Instituto de Educação, onde
dignamente exercia a função de diretora. O desejo de trabalhar pelo
engrandecimento do Estado e a luta
pela emancipação feminina foi ganhando impulso em todo o país e
Antonieta tornou-se a primeira Negra brasileira a assumir um mandato popular.
Seu lema: Educação para todos, valorização da cultura negra e emancipação
feminina. Salienta-se que até essa data as mulheres, negros, pobres e
analfabetos não tinham direito ao voto no processo sufragista brasileiro.
Antonieta destacou-se a primeira mulher
a presidir uma Assembleia Legislativa em 1937, porém perde os direitos
políticos com a instauração do Estado Novo e fechamento do Congresso Nacional e
de Assembleias Estaduais. O Jornal República onde ela publicava crônicas,
também encerrou as atividades.
Com a redemocratização do Brasil em
1945, a ilustre catarinense foi
reeleita no pleito de 1947. Posicionou-se firmemente a favor da reestruturação
da escola profissional feminina, concurso para cargos no magistério e concessão
de bolsas de estudo para alunos carentes. É autora do projeto que cria o ‘Dia do Professor em SC’, comemorado
em 15 de outubro de cada ano e o ‘Feriado Escolar’ pela Lei nº 145, de
12/10/1948, homologada pelo gov. José Boabaid.
Nessa fase, Antonieta publica a obra:
‘Farrapos de Ideias’, uma coletânea de crônicas escritas para os jornais de
Florianópolis. A verba arrecadada com a venda do livro é doada para construção
de uma escola chamada de ‘Preventório’, (hoje Educandário SC) destinado às
crianças filhas de pais portadores de hanseníase, internados na então Colônia
Santa Teresa/SJ
Antonieta, faleceu em 28 de março de
1952 aos 50 anos de idade, por complicações de diabete. Está sepultada no
Cemitério São Francisco de Assis em Florianópolis.
Mesmo esquecida nos livros de história
do país, a luta de Antonieta em defesa das mulheres, negros e pobres, continua.
Pois, ainda hoje, a mulher é minoria representativa em cargos políticos no
Brasil. Essa invisibilidade da mulher na política, segundo Antonieta, era fruto
de questões culturais como o machismo presente na sociedade. Mais de cem anos
se passaram, continuam vigentes no século XXI, a desigualdade, o preconceito e
a violência contra a mulher.
A ilustre cidadã nomeia
ruas, avenidas, estabelecimentos públicos e foi tema de samba
enredo no carnaval da Ilha. Na Assembleia Legislativa dá nome a
Medalha concedida às mulheres com relevantes serviços prestados em defesa da
mulher catarinense. Fontes consultadas:
http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/68-antonieta_de_barros
https://pt.wikipedia.org/wiki/Antonieta_de_Barros
https://twitter.com/folha/status/1329514786405683201
Por Neusa Bernado
Coelho
Escritora
Poetisa-Historiadora
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