FOLHA DOS GANCHOS - COLUNISTA MÁRCIA RAQUEL MARTINS - Borboletas da Alma

 COLUNISTA: MÁRCIA RAQUEL MARTINS

 ESCRITORA E PEDAGOGA

"Feche os olhos e voe. Voe alto, com a alma leve e o coração sereno. Voe com alegria. Voe até onde mora a paz." (Márcia Raquel)

Borboletas da Alma
Márcia Raquel

A vida não é feita apenas de risos e manhãs ensolaradas. 
Ela é também feita de sombras, de silêncios profundos, 
de caminhos tortuosos onde os pés tropeçam e o coração se pergunta: por quê? 
Mas é nesse terreno árido que florescem as raízes do nosso ser. 
Crescer é aceitar que os espinhos também fazem parte do jardim. 
É compreender que cada obstáculo é um mestre disfarçado, 
nos ensinando a arte de sermos inteiros, mesmo quando partidos.

Quem não se permite a metamorfose, 
quem teme o casulo escuro e silencioso, 
não conhecerá o êxtase do voo. 
Não sentirá o arrepio de um sorriso verdadeiro, 
nem entenderá a magia de caminhar de mãos dadas, 
lado a lado, coração com coração, alma com alma.

Observe a borboleta. 
Ela não nasce pronta. 
Ela se recolhe, se desfaz, se reconstrói. 
No silêncio do casulo, ela se transforma. 
E quando enfim se liberta, 
dança no céu como quem borda poesia no vento, 
costurando caminhos entre pétalas e perfumes.

Somos como ela;
borboletas em eterna construção. 
Às vezes somos casulo: recolhidos, frágeis, em espera. 
Outras vezes, somos asas: livres, encantados, vibrantes. 
E há beleza em ambas as formas. 
Há grandeza no processo, santidade na jornada.

Reconhecer que a vida é um bordado de dor e alegria 
é aceitar que somos obra-prima em constante lapidação. 
É entender que Deus, com mãos de artista, 
nos molda com fios de luz e sombra, 
tecendo em nós a beleza da imperfeição, 
a força da vulnerabilidade, 
o milagre da transformação.

Voemos, então. 
Mesmo que o céu esteja nublado. 
Mesmo que as asas ainda tremam. 
Pois cada voo é um ato de fé, 
e cada queda, um convite à ressurreição. 
Somos borboletas da alma,
feitas para sentir, para amar, para renascer.